16 de fev. de 2017

UMA NOTÍCIA QUE MUDA TUDO NUM INSTANTE


Oi meus amores, tudo belezinha com vocês? Eu estou bacaninha e com saudades de vocês!!

Bem, fiquei sabendo esses dias, saiu no diário oficial e fiquei tão boba, que nem tive reação....

Vocês sabem quando a ficha não cai? Fiquei me perguntando, mas já? Sem nenhum perrengue? 


Claro que era assim mesmo que eu desejava, porém lhes confesso que tudo que consegui foi depois de muito perrengue, ou seja, estava esperando essa parte.....rs 


Minha mãe chorou muito, por ter pedido tanto, meu pai, Baby e meus irmãos ficaram felizes, e eu, fiquei bobona, não sabia o que pensar. As pessoas falavam Parabéns. Mas parabéns? Por ter sido aposentada por invalidez? O que eu tenho de mérito nisso? Ter uma doença? 


Bom, vou contar desde o início esse processo psicológico e emocional. 

Me lembro como se fosse hoje, era 12 de fevereiro de 2007, estávamos eu, minha mãe e meu pai pela primeira vez no consultório do meu doutorzinho para fechar o diagnóstico de EM, conhecer a bonitona e começar a tratar. Junto nessa primeiríssima consulta, meu doutorzinho, perguntou o que eu fazia da vida e eu disse que era professora, na hora ele disse: se você não se sente bem em sala de aula, posso te aposentar por causa dessa doença. O que ele achou que seria esclarecedor, foi um tremendo choque, nós ficamos muito assustados e ele logo percebendo explicou que era apenas uma possibilidade e não uma necessidade. 


Ufa, meus pais e eu pensamos, afinal tinha acabado de me efetivar no Estado de São Paulo, escolher a cidade onde lecionar e tudo mais. 

Não fazia a menor ideia do que a EM iria me aprontar daí por diante, um surto atrás do outro, com necessidade de tratamento quimioterápico, que me deixou meio ano, ou mais, afastada de tudo. Não fazia mais nada além de ir ao médico, dormir, comer, tomar banho e assistir TV. Não foi tristeza, foi o tratamento que me deixou bem debilitada. 


Estava terminando minha segunda faculdade, de História e se não fosse um grande amigo e a coordenadora amiga, não teria conseguido. 

Vocês sabem, depois de tudo que passei, penso: e se eu tivesse aceitado essa aposentadoria logo com o diagnóstico? 

Porque enfrentei um pesadelo, na escola que fui parar em Piracicaba (sobre isso escrevi no post da AME, não vou cansar vocês), depois que consegui voltar a trabalhar de vez, foi aqui em São Carlos, na diretoria de ensino. Mas aí quando o bicho pegou e não dei mais conta, todos os médicos, peritos, os neuros escreviam que o meu caso era pra examinar, e propor uma aposentadoria. O órgão responsável, apenas me deixava ainda pior, negando meus afastamentos e me causando maior estresse. 


Quando efetivei no meu cargo de professora, em 2007 o meu doutorzinho pediu uma readaptação para que eu não parasse de trabalhar, porque nunca foi a minha intenção. Minha psicóloga também fazia um trabalho para que eu não parasse, para que me sentisse útil e tivesse uma vida social e foi assim até os dias de hoje. A readaptação demorou 4 anos para sair e após voltar ao trabalho, aguentei trabalhar apenas dois anos consecutivos,.

Em 2014, 2015 já comecei a tirar licenças, até o dia em que nesse ano de 2015 tirei uma licença e sabia que não voltaria mais até hoje. Não aguento a carga horária e passo mal.


Você vai dizer que assim é fácil, não, não é ! Minha psicóloga até mudou de opinião quando notou o tamanho do desgaste que eu estava tendo com a carga horária completa,  e depois, mesmo afastada com essa burocracia estressante, passou a me preparar e torcer para uma aposentadoria por invalidez. 

  • Você tem apenas 40 anos, sabe o peso que será carregar uma aposentadoria? Você tem certeza que é o que você quer? 
  • Saber eu não sei, mas imagino, porém nessa situação de afastada, acredito que o peso está pior. E sim, tenho certeza. Não vou trocar o certo pelo nada. 
  • É verdade, essa situação que você está, tá muito pior. Também estou a favor da aposentadoria, acredito que vai te fazer muito melhor. Mas não vai poder se abater com olhares, comentários maldosos e muitas coisas que você pode vir a ouvir. 
  • Nem escuto, se escuto acho que estão com dor de cotovelo e pergunto se quer ser eu por um dia? A pessoa fica assustada! 

E foi assim, que fomos atrás de tudo que pudesse me ajudar nessa tarefa. Vocês se lembram dos episódios de diarreia, da colite? Do estômago com refluxos ? Do rim direito atrofiado? Então, juntamos todos os perrengues da minha saúde e apresentei na perícia, claro que com exames e relatórios sobre a EM. 


No dia da perícia a junta médica estava reunida para me receber e o neuro me examinar. Me pediu pra caminhar, me sentar na maca e analisou minha força muscular, meu cansaço, minha coordenação e foi analisando cada ponto que constava no relatório da Dra Roberta, o perito ia me examinando e notando que não era exagero. 

Sei disso pois ele ia comentando com as outras duas colegas e foi o que me fez sentir esperança ao sair do consultório, ele me tratou como alguém que estava ali para ajudar no meu problema e as outras duas ficavam me olhando com cara de assustadas. Senti que elas me acharam muito nova para estar ali naquela situação. Devem ter aprendido com o Dr que a EM é uma das doenças que mais afastam os jovens- adultos do trabalho, levando a uma aposentadoria precoce. 


Quando a perícia terminou, o Dr mandou que eu acompanhasse o resultado da avaliação pelo Diário Oficial, então como já sou acostumada com esse acompanhamento perguntei a ele se não poderia me adiantar alguma coisa? Afinal o que eu faria com a minha ansiedade? E ele mais que depressa respondeu: - Agora vamos nos reunir, depois vai pra comissão e então publicamos. Enquanto isso continua afastada para o seu tratamento. 

Enfim, entendi o recado e imaginei que demoraria meses, mas para minha felicidade, depois de 15 dias, a querida gerente da escola, minha sede de Piracicaba, liga na casa dos meus pais para nos dar essa ótima notícia. E eu que estava dormindo, acordei com o Baby: 


Baby acorda, Fátima ligou pro seu pai, você foi aposentada!

Meu Deus, foi uma notícia muito boa, mas sei lá, não sei se porque não estava esperando, estava dormindo, eu fiquei meio passada com essa novidade. 


Na minha cabeça surgiram milhares de questões. E agora o que vai ser de mim? Mal comecei a trabalhar e já encerrei a carreira? E agora o que vai acontecer com o meu pagamento? Nossa, são muitas dúvidas ainda que tenho, mas esse primeiro sentimento sumiu quando comecei a receber parabéns dos meus amigos e alguns até do trabalho. Fiquei meio sem graça, por receber uma congratulação por uma coisa que não fiz por merecer até uma querida amiga me dizer que sim, eu estou de parabéns por ter conseguido provar na perícia com um especialista que o meu caso é de aposentadoria mesmo. E que ninguém poderá contestar. 

Então aceito os parabéns que recebo até hoje. 

Alguns dias se passaram e eu perguntei ao Baby: -  Foi verdade, eu aposentei? Não foi sonho não né? 

E ele mesmo achando tudo aquilo muito estranho respondeu: - Não Baby, não foi sonho, você foi aposentada! Relaxa ....


Confesso à vocês, que estou com uma sensação indescritível, como se tivessem me arrancado um chumbo das costas, me sinto até mais leve. É impressionante como o estresse nos atinge fortemente. Sabemos que à todos o stress é nocivo à vida,  mas pra quem tem EM ( quiçá as autoimunes) ele faz um estrago nos nossos sintomas, das vertigens à marcha pesada e a fraqueza muscular.  O que muitas pessoas que convivem comigo me disseram é que vou ficar muito melhor com a minha saúde, porque agora é curtir a vida adoidado, retomar o nosso cantinho aqui, continuar  escrevendo, escrevendo, sempre. Voltar com o canal, estudar o meu piano, o francês, fazer meu pilates, minha sessão de terapia e assistir a muitos filmes..... Amo. 


Vou deixando vocês aqui, mas antes quero registrar para todos meus queridos amigos seguidores, que não desistam de seguir atrás de um objetivo, mesmo que seja uma escolha tão difícil, sigam sempre seus objetivos.


Mil beijinhos e até......



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