13 de jan. de 2011

ABRINDO A PORTA DE "DIEU"

(Eu na sacré coeur de Paris)
Oi gente tudo bem com vocês? Eu estou bem agora, mas não sei explicar ao certo como está minha língua. É mais ou menos assim. No início do meu dia, ou seja, assim que acordo parece que voltou ao normal, mas, durante o dia essa sensação muda e me dá a impressão que a ponta da língua está com uma sensibilidade diferente, parece que comi algo apimentado ou melhor, mentolado. Porém como ainda não chegou o dia de falar com o meu doutorzinho e é tão sutil o que sinto, que estou desconfiada que é a inflamação que está acabando.
Bom gente, hoje queria contar pra vocês mais uma da EM que aconteceu comigo segunda-feira no estacionamento do shopping.
Eu não sei se vocês se lembram de quando usei o adesivo de deficientes pela primeira vez? Não se lembram? Podem rever esse post aqui
Então já falamos muito sobre isso aqui, eu mesma já disse que nem é sempre que uso esse direito, apenas quando acho necessário. E segunda foi um dia que o shopping estava lotado, eu com todos os sintomas da nossa companheira diária exacerbados (tô de TPM) então disse ao Baby "Para lá no "nosso" estacionamento mesmo que hoje eu tô precisada"!" E ele foi para as vagas de deficientes, terminando de estacionar o carro, eu observei uma moça loira vindo na minha direção empurrando uma cadeira de rodas de criança. Logo imaginei, "ela não vai entender nada"! E não é que eu tinha razão. Mesmo com o adesivo no meu carro, tudo regulamentado certinho estou andando de mão dada com o Baby em direção a uma das portas do shopping e escuto em alto e bom som a moça loira: "Eu queria saber que raio de deficiência tem aquela moça que sai andando por aí?"
Gente aquilo entrou no meu ouvido como se eu fosse uma criminosa e tivesse roubando o lugar daquela criança de estacionar e não era nada disso. O estacionamento é enorme, tem várias vagas, o que acontece é que as pessoas realmente não respeitam e estacionam como na maioria dos lugares infelizmente.
Bom, larguei a mão do Baby que não ouviu nada, e mais que depressa me dirigi ao carro da moça e mesmo nervosa respirei fundo e fui dizendo: "Bom me dá licença, mas eu acho que você falou bem alto que era pra eu ouvir né? Então eu vim aqui te explicar porque eu posso parar nesse estacionamento e sair andando. (Já fui enfiando a mão na bolsa, pegando a carteira e achando a minha carteirinha da ABEM) Tá vendo aqui, eu tenho uma doença neurológica, a Esclerose Múltipla, não sei se você conhece, (ela balançou a cabeça fazendo sinal que não pra variar né?) e essa doença tem muitos sintomas que podem dificultar a gente andar daqui até a entrada do shopping sabe, mas eu não vou te explicar agora porque estou com pressa e você também deve estar. Mas vou te pedir um grande favor, procure se informar melhor sobre deficiência, pois existem mais deficiências do que os nossos olhos podem ver! A minha deficiência, se é que posso falar isso, não é visível aos olhos de ninguém." A moça só ficou me pedindo desculpas e ficou muito sem graça, mas confesso a vocês meus queridos que fiquei bem nervosa com a situação, afinal foi algo constrangedor e outro ponto que me chateia é a ignorância das pessoas, ou seja, a falta de ciência, de saber ou melhor de ignorar o outro, porque quando fiquei sabendo que a EM é uma doença que nos dá esses direitos, eu me informei sobre outras coisas que se encaixam em deficiências que eu nem sonhava, como foi o caso do câncer de mama. Confesso que desconhecia esse direito para as mulheres que passaram por esse transtorno.
Mas a moça que é mãe de uma criança deficiente deveria se informar ainda mais, espero de coração que tudo isso tenha valido pra alguma coisa não é mesmo?
Nunca me esqueço o dia que a minha psicóloga conversou comigo sobre eu aceitar essas coisas, pois a princípio não achei fácil e legal sair com um adesivo de deficiente no carro sendo que eu graças a Dieu, "não preciso". Ela disse Fábi "Quando Deus, fecha uma porta, logo ele abre outra. Você não pediu pra ter esclerose múltipla e muito menos ter esses direitos, mas eles estão aí pra você, então use sem peso na consciência e sem vergonha!" 
E é o que faço, da maneira que acho prudente. 
Vou deixar vocês por aqui hoje desejando um ótimo dia a todos!!!
Mil beijinhos e até mais...


Em tempo: Pra quem curte um filme bonitinho, a minha sugestão de hoje é:
Baby Love (Comme Les Autres) (França, 2008).
Com Anne BrochetFlorence DarelPascal ElbéLambert WilsonMarc Duret. Comédia dramática em Cores. Duração 93’. Classificação 12 anos.
De Vincent Gareng.
Emmanuel e Philippe formam um casal quase perfeito. O único problema é que o primeiro sonha em ser pai, enquanto seu companheiro não quer nem pensar em criança. Mesmo assim Emmanuel decide se arriscar, sob pena de perder o amor de Philippe. Mas maior desafio mesmo é saber como e com quem Emmanuel fará um filho.



Vale super a pena!!! Assistam e boa sessão!!!

6 comentários:

  1. É Baby, a situação é chata mas voce fez o certo explicando e tentando "abrir" a cabeça da pessoa.
    Acho estranho uma pessoa que tem uma filha que tem necessidades especiais não conheça um pouco sobre o direito das outras pessoas e que existem vários tipos de necessidades especiais. Lógico que muitas pessoas abusam e param na vaga reservada mesmo não precisando, mas para isso que existe o adesivo no carro.
    Um beijão
    Baby.

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  2. Pois é né Baby?
    Também não entendo porque as pessoas não pensam que existem problemas diferentes dos delas!
    Mas acredito que fiz a minha parte não é???
    Beijão mon amour

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  3. Oi Fabi, minha querida!!!
    Amei a foto! Lindaaaaa...

    Parte do lado direito da minha língua tem a semsibilidade muito alterada (sequéla de surto), mas não me incomoda para falar, engolir, sentir o gosto dos alimentos. Só tenho uma sensação desagradável quando a língua toca os dentes, pois estes parecem moles, como se fossem cair. É bem esquisito...
    Sou obesa e já ouvi varias vezes: "Tão nova e caminhando desse jeito e com bengala, tem que emagrecer", e coisas desse tipo...
    Esses dias ao subir no busão pedi ajuda a um rapaz para subir minha sacolinha do super, e uma senhora indagou: "Credo! Uma mulher desse tamanho não pode com esta sacolinha? Tá se fazendo..."
    Fico na minha. Só dou explicações e com prazer, quando acho que a "pessoa" merece.

    Beijos com carinho
    da Neyra.

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  4. Nossa Neyra, se cada um cuidasse da sua vida e olhasse a sua volta e tentasse entender o que acontece de diferente da gente, as pessoas seriam menos intrometidas, mais informadas e menos preconceituosas porém mais solidárias, você não acha???
    Beijão querida
    Fabí

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  5. Acho sim Fabi!!!
    Mas, graças a Deus tenho encontrado muitas pessoas solidárias no meu caminho.
    Estas pessoas preconceituosas e metidas não me incomodam. São pobres de espirito.
    O que me resta senão orar por elas.
    Beijinhos
    da Neyra.

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  6. Neyra querida
    você realmente é muito especial!
    Sorte deles viu! Nem sempre consigo ser tão desenvolvida assim, mas acho que estou no caminho! Hehehehe
    Beijão

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