8 de fev. de 2010

O TRAUMA DE UMA ATRIBUIÇÃO

Oi gente, tudo bem? Eu como vocês já imaginam, não estou 100%, por causa da loucura de Piracicaba ainda estou acabada. Tô com um pouco de tontura da fadiga que ganhei. Com o lado esquerdo do corpo com a sensibilidade menor. Mas como não é mais surpresa para mim, tenho que esperar os dias passarem sem fazer muito esforço, afinal além do calor e da canseira tivemos o pior fator, o nervoso.
Bom, como prometi vou continuar a fatídica história.
Depois de dois dias consecutivos esperando mais de 5 horas, consegui pegar as aulas que precisava. Na quinta-feira saí de lá desnorteada e ninguém me avisou que eu precisava ligar nas escolas em até 24h para avisar das aulas atribuídas, apenas uma senhora professora, aliás a única prestativa, que me atribui as aulas me disse que como já passava das 18h eu quando voltasse no dia seguinte deixasse o papel na caixinha da Diretoria de Ensino. Bom, nem me preocupei.
Chegando lá na sexta-feira a tarde, a minha chará já veio me questionando por que motivo eu não tinha aparecido na escola ainda. Bom confesso que levei um susto, estou de licença médica e não vou dar aula, achei que só precisasse se apresentar na escola quando você vai lecionar e trabalhar naquela escola com aquelas pessoas. E foi isso que disse a ela e ainda completei dizendo que a recomendação da professora foi pra eu deixar o DRUH, o tal papel na caixinha da DE. Acho que ela não acreditou em mim, quis saber quem era que tinha dito isso e me colocou cara a cara com aquela senhora que afirmou tudo que eu havia dito.
A moça com o nome igual ao meu, por sinal lindo hehehehe, me disse que agora eu deveria aprender e sempre que pegar aula deveria ligar na escola. Disse a ela, "me desculpe mesmo saí daqui ontem desnorteada e nem sabia!". "Tudo bem, agora você já sabe!" ela disse.
No fim do dia, quase as 17:30 quando consegui pegar a única aula que me faltava, depois de um dia inteiro, perguntei e "agora?" como uma aula era na mesma escola que eu estava, já resolvi ali mesmo. Mas as outras aulas eram em outras escolas, onde eu deveria entregar o xerox desse tal papel.
Tentei ligar para uma escola e ninguém atendeu, mas a secretária da escola onde nós estávamos disse que naquela a gente poderia enviar por fax agora na outra ninguém sabia.
Bom gente foi aí que todo esse pesadelo virou um filme de terror, quando atenderam o telefone dessa escola e começaram a me mandar ir até lá na segunda-feira para me apresentar, e eu explicando que já estava em Piracicaba há 3 dias, que nem ia dar aquelas aulas, que elas já estavam sendo substituídas ali naquele momento por outra pessoa. E de uma pessoa passou para outra, e só diziam que eu ia ter que voltar a Piracicaba na segunda-feira e o telefone era uma porcaria e ninguém escutava direito. Pedi para ir levar naquele instante mas me disseram que já estavam indo embora, então seria só na segunda!
Gente sei que lendo assim nem parece nada, mas imaginem o estado da esclerosete (roubado de uma amiga) aqui depois de 3 dias naquele calor de 40Cº, o dia inteiro esperando, esperando naquelas terríveis condições. Eu já estava vendo tudo embaçado, estava trêmula que nem conseguia assinar direito e pingando suor. Aí foi quando vi a carinha da minha mama e do meu papa preocupados comigo e claro com esse absurdo de ter que viajar mais um dia 96km para entregar um papel. E a pessoa do outro lado da linha telefônica dizendo que eu mandasse meu pai levar lá segunda. Foi aí que o desespero bateu, e pela primeira vez em 3 anos de esclerose múltipla, que comecei a chorar em público por causa disso. Comecei a pedir "a única coisa que estou pedindo é que alguém compreenda o meu caso, eu já estou vindo e voltando 3 dias, eu estou de licença saúde. "Você acha que eu com 33 anos recém efetivada estou aguardando readaptação por que eu quero? Eu tenho uma doença grave, que não tem cura, você acha que é fácil pra eu passar por tudo isso, só pra poder continuar trabalhando?" E isso chorando no telefone na sala da diretora da outra escola. Gente me senti péssima, fiquei arrasada e quando voltei pro carro encontro minha mama chorando. Olhei para as pessoas a minha volta e elas estavam comovidas, foi uma cena de novela das oito de um drama muito triste, mas o pior é que foi real. Bom, mas pelo menos assim consegui resolver meu problema na hora, a moça também ficou comovida, me perguntou "mas afinal o que você tem?" e eu "esclerose múltipla".
Então ela perguntou se eu poderia ir até lá que ela me esperava e eu disse "já estamos indo!"!
Na escola nem entrei, tudo que eu estava segurando preocupada com os meus pais, desabou e comecei a passar mal, me deu uma forte tontura que piorou dando ânsias, então meu papa foi lá dentro entregar o tal papel. Ele me disse que a moça pediu mil desculpas e ficou sem graça.
No carro, nós três parecíamos que estávamos voltando de um enterro, de tanta tristeza. Meus pais ficaram arrasados até hoje, foi uma situação vexatória como disse meu amigo Warley. MInha auto-estima foi lá embaixo, me senti daquele jeito que costumam dizer e eu nunca tinha entendido direito "o cocô do cavalo do bandido". E sem exagero meus pais perderam a alegria, meu pai no sábado até se sentiu mal com tonturas. Sei que tudo isso vai passar, como eu já estou melhor que sábado quando não tinha vontade nem de sair da cama. Mas não quero que mais ninguém passe por isso, não quero deixar impune o que "eles" nos proporcionou com toda essa " 'traumatização' de atribuição"!!!
Por isso conto com vocês meus queridos leitores que me ajudem com dicas, sugestões, opiniões ou apenas com um olá amigo!!!

Obrigada por todos os comentários até agora aqui no blog e por email.

Muitos beijos e até a próxima!!!

4 comentários:

  1. Nossa amiga, que situação horrorosa que vocÊs vivenciaram, hein?!
    A única coisa que posso fazer é rezar por você, para que essa angústia passe bem rápido. Sei que esquecer vai ser difícil, mas que pelo menos amenize o que está sentindo.
    Força ai Fabi.
    Bjos!!!

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  2. OLHA FABI, POSSO CHAMAR ASSIM NÉ, EU SÓ PASSEI AQUI PRA DAR UMA OLHADA E DEI DE CARA COM ESTA HISTORIA.

    FIQUEI TRISTE, PORQUE NA VIDA DE TODO PORTADOR DE E.M. OU DE QUALQUER PESSOA QUE ESTEJA COM DOENÇA GRAVE TEM SEMPRE UM DRAMA OU VARIOS.

    ISSO É DA NATUREZA HUMANA, NIGUEM SE DISPONIBILIZA A AJUDAR NINGUEM. É MUITO RARO. E AINDA POR CIMA TEM PRECONCEITO, INVEJA, DESPREPARO, IGNORANCIA, INTOLERANCIA E TANTAS OUTRAS COISAS TERRIVEIS DO ESPIRITO HUMANO DESPREPARADO...

    É UMA PENA QUE TUDO ISSO TENHA ACONTECIDO, E SEUS PAIS FICARAM ABALADOS, PORQUE SÃO BOAS PESSOAS, QUEREM O SEU BEM, MAS ESTÃO DESPREPARADOS PARA SUPORTAR UMA REALIDADE TÃO DURA E CRUEL, NINGUEM REALMENTE ESTA...

    COISA DESSE TIPO ACONTECEM A TODA HORA COM MUITA GENTE, EU NÃO TENHO NENHUMA ILUSÃO, NÃO ESPERO A BONDADE NEM COMPREENSÃO DE NINGUEM, GOSTARIA MUITO MAS A REALIDADE É OUTRA...

    O QUE VAI ACONTECER COM VC, NÃO COM SEUS PAIS, É QUE VC VAI ENDURECER, FICAR MAIS FORTE, A CADA TOPADA, NA VERDADE A GENTE COMEÇA VER AS COISAS POR UM ANGULO DIFERENTE, ACEITAR A REALIDADE COMO ELA É, E REAGIR DE ACORDO.

    HOJE EU SOU SARCASTICO, ACIDO, MORDAZ, EMBORA NO INTIMO EU SINTA FALTA DA VELHA FÉ NAS PESSOAS...

    FORÇA AMIGA, PODE TER CERTEZA VC NÃO ESTA SOZINHA NESSA CAMINHADA, CONTE COMIGO, SE VC QUISER ME SCAPREIE (VERBO NOVO !!!!)

    =| PETRONE

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  3. Minha querida RÊ, muito obrigada por suas orações, confesso que estou precisando! Mas daqui a pouco passa viu!!
    Brigadão e um grande beijo pra você

    Petrone meu adorável amigo, claro que pode me chamar de Fabi. Você tem toda razão, já é o terceiro ano que enfrento aquela jaula de leões, mas posso dizer que hoje sou muito mais forte e menos tonta. Mas sou uma legítima pisciana, que ainda tem esperança de um mundo melhor para nós emmianos (adorei)e todos os outros que tem que enfrentar esses desafios também! Acho que só da gente se expressar na rede assim tão livremente já é um começo não é?
    Brigadão por suas palavras e seja sempre bem vindo aqui no meu cantinho!!!
    Bjão Petroninho

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  4. Infelizmente o descaso c o ser humano atinge todas as esferas do serviço público. Não se importam se vc está doente, se precisa de atendimento especial e outras coisas mais.
    Também tenho EM e além de passar por tudo isso ainda tenho enfrentado preconceito no trabalho. Me acham uma coitada, incapacitada e mesmo q trabalhe mais q todos lá (e é a verdade) eles fingem não ver.
    O jeito é tocar a vida c todas as dificuldades.
    Tenha fé e força!

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