7 de fev. de 2010

LÁ É O INFERNO

Oi gente, estou muito cansada. Vocês já ouviram falar em inferno não é? E como vocês imaginam o inferno. Eu vi o inferno de pertinho, graças a Deus que de lá saí.

Posso contar para vocês porque foi exatamente o que eu vivi esses dois últimos dias em Piracicaba.
É um lugar muito quente, de temperatura avassaladora de 40°C, de bancos duros sem encosto, numa fila de mais de cem pessoas na sua frente. Com mulheres grávidas, com crianças de colo, senhoras e senhores de idade que já estão nessa “lida” quase se aposentando, pessoas com problemas de saúde, como era o meu caso. E um barulho irritante até para crianças de menos de dois anos. Pessoas reunidas conversando em voz alta enquanto uma “supervisora” tenta organizar o que já está desorganizado desde o início.
Ou seja, o inferno é a profissão de professor no Estado de São Paulo, não conheço como funciona em qualquer outro. Além de não ser nada fácil comandar uma sala de aula, ainda essa tal de atribuição por classificação de pontos é uma humilhação ao ser humano. Você estuda, se forma, passa num concurso público e parece que está fazendo favor ao Estado, implorando para pegar uma aulinha que seja. Antes do concurso era menos constrangedor do que agora concursada.

Não interessa qual é a sua condição de ser humano, se o outro tiver mais ponto que você, e você que está com uma barriga de oito meses de gravidez tem que esperar até chegar a sua vez, num lugar sem condições nenhuma de descanso, nem uma cadeira confortável.

Pois é, é assim. No meu caso que tenho esclerose múltipla, de licença saúde aguardando uma readaptação por não conseguir ficar em pé muito tempo, ficar num ambiente quente e abafado, sentir muita fadiga que atrapalha até a concentração, foi terrível. Aguardar mais de 100 pessoas escolhendo aulas, e eu que nem aula posso mais dar tive que me prestar a esse cansaço excessivo sendo a última a pegar aulas, pois os pontos ficam parados se você estiver afastado. Aulas estas que no dia seguinte será dada a outra pessoa que me substituirá.

Esse método de atribuir aulas é um pesadelo para todos os educadores, imaginem pra quem tem algum tipo de problema. Eu precisei ir com os meus pais que já tem mais de sessenta anos, e eles ficaram tão arrasados que chegaram a falar que pra mim será melhor a aposentadoria. Além de passarmos dois dias inteiros desse jeito, no último dia por causa de uma aula que eu precisava pegar para completar a ampliação. Esperei mais de 4 horas por uma aula que apenas eu que estava na fila, estava habilitada a pegar, aula de Sociologia.
Achei uma falta de compreensão daqueles profissionais da educação que estavam atribuindo aulas, eles poderiam fazer como depois fizeram com uma professora PEBI que aguardava sobrar aula de filosofia para ela pegar. A supervisora perguntou a todos se poderia passá-la na frente, pois ali ninguém se interessava por aquelas aulas, ou melhor, não estavam habilitados. Todos lá já estão carecas de saber que tenho problema de saúde e bem naquele dia essa supervisora do mesmo nome que o meu, acho que por curiosidade, se aproximou de mim e quis saber tudo que se passava comigo e qual era o meu problema. Afinal já são três anos que ela me conhece e nunca quis saber.
Confesso que me surpreendeu, ela foi simpática e compreensiva, mas não tomou as minhas dores que já estava enxergando tudo embaçado, com uma tontura sem fim, com a sensação de dormência no meu braço esquerdo, as pontas dos dedos formigando sem parar e uma mega dor na bunda de ficar sentada no banco duro por horas a fio, o que me rendeu uma dor nas costas e no pescoço até agora. Parece que fui atropelada por um trem.
Mas mesmo sabendo de tudo, ela não fez nada por mim. Apenas antes de chegar ao fim, faltavam ainda mais duas pessoas antes de mim, aí ela me chamou e atribui a minha única aula que apenas eu estava habilitada.
Gente foi horrível, mas ainda nem acabou por aí.


Mas para não ficar tão extenso o texto, e eu mais cansada ainda, deixo pra continuar depois tá? Sei que posso contar com a compreensão de todos vocês!!
Beijos e até a próxima....

4 comentários:

  1. VOU PARECER IDIOTA, E NA VERDAE SOU POUCO, MAS ACREDITO E JA TENHO POSTADO DIVERSAS VEZES NA COMUNIDADE QUE INFELISMENTE NOS AQUI NO BRASIL TEMOS MANIA DE RECLAMAR E FICAR POR ISSO MESMO...

    É OBVIO ULULANTE QUE TÁ TUDO ERRADO, ISTO É UMA BARBARIDADE, ISSO É O FIM DA PICADA...

    MAS ENQUANTO NOS FICARMOS QUIETOS E NÃO ACIONARMOS A POLICIA, O JUDICIARIO, ADVOGADOS, JORNAIS, TV, RADIO, ISSO FICARA CADA VEZ PIOR...

    EU JA FUI BUSCAR REMEDIO E FUI TRATO TAL QUAL UM CÃO SEM DONO, FIZ ESCANDAL0 E CHAMEI A POLICIA, ME ACONSELHARAM A PROCURAR UM PROCURADOR PUBLICO...

    AI UMA COLEGA NOSSA E SUPER BOA GENTE, ESCREVEU UMA AO GOVERNADOR DE SÃO PAULO CONTANDO TODA A DEMENCIA DA SITUAÇÃO E PASSOU UNS MESES E O ATENDIMENTO MUDOU, FOI POR MINHA CAUSA ??? LOGICO QUE NÃO, MAS DEI MINHA COLABORAÇÃO E MINHA AMIGA DO PEITO TAMBEM...

    É PRECISO ESTAR INCOMFORMADO, MAS É PRECISO TAMBEM ACIONAR OS CANAIS COMPETENTES, SE NÃO O NEGOCIO VAI SER SEMPRE ESSA DESGRAÇA...

    PARA MUDAR ESSE PAIS PRECISARA DE MUITA, MAS MUITA PACIENCIA E ESTOURAR OS OUVIDOS DAS "OTORIDADES" QUE ESTÃO COM CERTEZA MAIS PREOCUPADAS COM SEUS PROPRIOS BOLSOS E CARGOS DO QUE COM NOS OS POBRES MIDERAVEIS...

    VAMOS LUTAR, LUTAR SEMPRE, CADA UM PRECISA FAZER A SUA PARTE MESMO QUE SEJA PEQUENA...
    PETRONE

    =(((((((((((((((((((((((((((((((((((((

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  2. amiga infelismente no brasil é sempre assim e todos acham isso normal.
    Eu tenho a impressão que mediante a tudo isso,vc devia pensar bem e se aposentar,pois o sofrimento naõ vai valer a pena e sim prejudicar sua saúde ainda mais.
    Nao acredito em grandes mudanças e priincipalmente na area da educação.
    Na area que eu atuava era assim também(area da saude)indiferenças e preconceitos.
    Resolvi tentar uma vida com mais qualidade me aposentando.
    Mas dou a maior força pra vc continuar e tentar mudar esse estoria.
    vc é uma lutadora,póis mesmo com esclerose ainda arruma forças para tentar melhorar .....
    beijos e vá em frente....Carlinha

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  3. BOA NOITE,SEI EXATAMENTE O QUE VC PASSOU POIS SOU ACT HÁ 17 ANOS. EM 2006 TIVE UM SURTO MEDULAR O QUAL COMPROMETEU OS MEMBROS INFERIORES.DE QUEBRA ADQUIRI BEXIGA NEUROGÊNICA E INCONTINÊNCIA FECAL. MAL CONSEGUIA ME MANTER EM PÉ. fOI AÍ QUE EM JUNHO DO MESMO ANO PROTOCOLEI JUNTO AO DPME UM PEDIDO DE APOSEDNTADORIA POIS NO NOSSO CASO TEMOS O DIREITO A APOSENTADORIA. ESPEREI LONGOS TRÊS ANOS.PERDI AULAS,FIQUI SEM SALÁRIO,ENTREI C/MANDADO DE SEGURANÇA C/ PEDIDO DE LIMINAR E GANHEI.O ESTADO TEVE QUE PAGAR A MINHA CARGA HORÁRIA INICIAL ANTES DO AFASTAMENTO.NO FINAL DE 2009 FOI PUBLICADA A TAO ESPERADA APOSENTADORIA. O QUE É MAIS INTERESSANTE É QUE AS PESSOAS NOS OLHAM E ACHAM QUE NAO TEMOS NADA. SOFRI, MAS TÔ AQUI.NAO DESISTI E NAO DEVEMOS DESISTIR NUNCA.DEVEMOS FALAR AOS QUATRO CANTOS EM ALTO E BOM SOM P/ TODO MUNDO OUVIR.NAO PEDIMOS P/ TER EM, MAS JÁ QUE A TEMOS, DEVEMOS FAZER C/ QUE AS PESSOAS SE SENSIBILIZEM E NOS TRATEM C/MAIS RESPEITO.

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  4. Concordo com todos os comentários. Quando descobri ter E.M. sofri muitos preconceitos, fiquei muito brava,mas muito mesmo!Até que notei que isso não é ruindade das pessoas. É apenas ignoracia. Mas não desisto, estou viva, e bem! E, acho muito difícil mudar um país como o nosso, que a educação, está sempre em 15.o plano.
    Mas, vamos em frente!

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